domingo, janeiro 13, 2008

ENTREVISTA COM DORA INCONTRI

Sendo o espiritismo uma doutrina de profundas conseqüências morais e sociais
como abordaríamos os jovens da nova era ou como levar a doutrina a estes jovens?

Resposta: Com a proposta racional, coerente e profunda do Espiritismo bem
estudado e bem compreendido. A doutrina contém as respostas necessárias, para
satisfazer as ansiedades humanas permanentes e os conflitos do atual momento
histórico. Mas… o movimento espírita está longe de compreender e praticar essa
proposta. Por isso, tantos jovens, que fizeram evangelização, mocidade e
pertencem a famílias espíritas, quando chegam à Universidade, acabam por deixar
a nossa doutrina.. É que o Espiritismo tem evidências científicas, coerência
filosófica, experiências religiosas desprovidas dos dogmatimos e
hierarquizações, misticismos e alienações passadas e além disso é uma proposta
pedagógica altamente avançada. Mas o movimento espírita reduziu tudo isso a uma
seita de proporções acanhadas, com rivalidades por cargos, com um entendimento
meramente religioso (o que inclui de novo misticismo, hierarquias e dogmas),
desprezando o aspecto científico, ignorando a filosofia e a pedagogia. Dessa
forma, não pode atender às ansiedades e carências do jovem contemporâneo.
Idolatria a determinados médiuns, que passaram a ser os “gurus” do movimento
espírita; livros superficiais, na linha de auto-ajuda; a exploração comercial
de livros “espíritas” fracos no conteúdo e na forma; o desconhecimento e até o
desprezo da figura e da obra de Kardec (e não se trata de falar em Kardec,
porque todos falam dele e o usam, mas de compreender de fato a sua proposta); o
autoritarismo nos centros e nas federações… são apenas alguns dos problemas que
as cabeças mais pensantes identificam. Já na década de 1970, Herculano Pires
alertava contra tudo isso. De lá para cá, a coisa piorou muitíssimo. É com isso
que vamos fazer uma Nova Era? Copiando o misticismo, a irracionalidade e o
autoritarismo das formas institucionais passadas? Devemos voltar às origens e
ao mesmo tempo dialogar com a cultura contemporânea. Voltar às origens é nos
inspirarmos em Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne etc.; no Brasil, em
Herculano Pires, Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, e, como modelo de
mediunidade séria, equilibrada e avessa a toda essa idolatria vigente, cito a
grande Yvonne Pereira. E dialogar com o mundo é estar presente, nas
universidades, nos movimentos sociais, na vida contemporânea e não nos
tornarmos uma seita isolada e alienada!!!… Com isso sim, podemos formar uma
juventude embebida em ideiais elevados e firme em suas convicções e preparada
para enfrentar os desafios de hoje e de amanhã.

6 comentários:

Anônimo disse...

Concordo plenamente com a nossa querida Dora...
Como mts começei na juventude espirita, com todo ideal de estudo e ao mesmo tempo envolvida em uma doutrina que esta alem dos proprios muros de um centro espirita, mais permeia toda a humanidade que tem sede de conhecimento e amor!!!!!
Considero que um dos grandes problemas do movimento espirita esta em pensar mts vezes em coisas pequenas, em mts vezes se preocupar demais com a forma parecendo mais uma instituição...

Anônimo disse...

Concordo com a entrevistada. Só ficou uma dúvida. Ela não citou o nome de Chico Xavier no caso de médiuns. O que acontece? Os grupos de jovens devem desconsiderar a obra dele como referência? Agora estou em dúvida.
Grato

Antonio Baracat disse...

“INDISPENSÁVEL”
Antonio Baracat
Professor de Filosofia e História
Belo Horizonte, MG
As caravanas que em 18 e 19 de abril de 2009 participaram do “II Encontro Nacional dos Amigos de Chico Xavier e sua Obra”, em Pedro Leopoldo, onde não se cobrou qualquer quantia pela participação, perceberam a diferença das interpretações sobre o significado da herança que Chico nos deixou. Sem precisar citar nomes, porque desnecessário, de um lado se colocaram os muitos que têm a intuição de que o fenômeno humano e mediúnico representado por Chico é a mais sólida referência da evolução individual e planetária desde Jesus, e de outro lado os poucos que julgam que Chico é apenas mais um na história da humanidade.
Os que intuem que Chico foi a própria encarnação do cristianismo redivivo, protótipo do homem novo, e é exemplo para se cultivar em todas as latitudes e longitudes terrestres, estão corretos. O espiritismo, como demonstrou o Chico, não veio ao mundo para ser tratado com pompas e circunstâncias, mas para servir ao povo, sobretudo aos mais simples, que por isso devem ter seu acesso facilitado aos seus conceitos e práticas. Já os que dizem homenagear Chico no 3º Congresso Espírita Brasileiro, em Brasília (ao custo R$ 120,00 – cento e vinte reais a inscrição individual!), definitivamente não sabem o que fazem. E como quase todos que pensam assim são dirigentes de órgãos espíritas federativos, é preciso lhes dizer que além de não caminharem como deveriam ainda impedem o avanço de milhões, que poderiam encontrar parâmetros afetivos, intelectuais e morais nos escritos e exemplos do Chico, inclusive nas obras póstumas, psicografadas por Carlos Baccelli.
A Doutrina Espírita foi codificada na França entre 1857 e 1868, mas se Kardec não tivesse existido e os postulados espíritas nos chegassem somente pelas obras psicografadas por Chico Xavier o trabalho do francês faria alguma falta? Tem alguma coisa que Kardec escreveu que Chico não fez mais e melhor? Segundo a lógica formal o maior contém o menor. Neste sentido as obras psicografadas por Chico Xavier não podem ser tratadas como “complementares” das de Kardec, porque são muito mais densas e completas. Quem nega essa obviedade age, ipsis litteris, como os tradicionais sacerdotes, “guardiães de dogmas”...
Não se trata de menosprezar o trabalho de Allan Kardec, até porque ele morreu em Paris, em 31 de março de 1869 mas reencarnou, para completar seu trabalho, em Pedro Leopoldo, em 2 de abril 1910, exatamente na personalidade de Chico Xavier. Quando se questiona a posição de Kardec em relação a Chico é porque sem os conhecimentos que Emmanuel, André Luiz, Meimei, Scheilla e outros instrutores nos trouxeram ainda estaríamos discutindo – e perdendo tempo –, sobre a veracidade ou não das comunicações mediúnicas, da imortalidade e outros temas, que foi o que os adeptos do espiritismo fizeram durante o século XIX e quase todo o século XX, sem quase sair do lugar.
Tem tempo a polêmica sobre a imortalidade e a comunicabilidade dos espíritos. Na Grécia Antiga, os primeiros filósofos e cientistas só conseguiram conceber a realização plena da justiça quando a colocaram sob o prisma cósmico (lição que faria bem aos juristas resgatar), ou seja, depois que admitiram a hipótese da imortalidade, mediante a preexistência e sobrevivência do espírito às sucessivas vidas corporais pela reencarnação. Em uma das suas obras mais célebres, A República, Platão discute os atributos de uma sociedade ideal e ao final introduz o chamado mito de Er, uma história contida no livro X, de 614b a 621b, onde se relata a experiência de alguém que retornou do Hades (o mundo dos mortos). De acordo com a narrativa todas as injustiças cometidas importam em penas severas para as almas injustas de quanto fizeram em vida, a fim de se purificarem (não é exatamente o que demonstra, em minúcias, André Luiz na série “Nosso Lar”?). Porém, os acadêmicos que leem A República, ao invés de admitirem que a inspiração de Platão foi o intercâmbio mediúnico de pitons e pitonisas (denominação dos médiuns da época), preferem dizer que o filósofo grego recorre ao mito como mera hipótese, para preencher o que não pode ser racionalmente demonstrado, caso da imortalidade...
Entretanto, depois de Chico Xavier, esse tipo de raciocínio não se sustenta mais. Não se trata de discutir sofismas e alegorias, mas tratar de fatos concretos, como os mais de 400 livros psicografados em variados estilos e conteúdos. Diante disso o bom senso sinaliza que não se pode mais, por ação ou omissão, colaborar para manter a humanidade em rota de negação da esperança e do amor, cuja tradução mais fiel é o exercício da caridade, pois com Chico Xavier a dúvida sobre a imortalidade se desfez e o exercício da mediunidade adquiriu sentido coerente e preciso. O livro “Desobsessão”, psicografado por André Luiz em 1964, denota a nova orientação: é um manual prático com orientações singelas para o trabalho com espíritos obsessores. Não se trata mais de provar que os espíritos se comunicam, atuam sobre o mundo corpóreo ou qualquer outra questão deste tipo. Importa sim conferir caráter misericordioso e útil ao intercâmbio entre mortos e vivos segundo a carne.
Durante 87 dos seus 92 anos Chico dialogou ininterruptamente com os espíritos. Dos 87, 75 anos foram dedicados à atividade mediúnica sistemática, que variou da psicografia de poesias de estilo rigoroso e conteúdo doutrinário irrepreensível aos diálogos com os habitantes comuns das diversas dimensões espirituais, passando pelas inúmeras esclarecedoras lições, sempre em profunda e extensa vinculação com o Evangelho do Mestre Jesus. Assim, porque sua vida foi verdadeiro libelo contra a ignorância, síntese de referências objetivas para o encontro com a felicidade, quando me refiro ao Chico a palavra que acompanha a lembrança é... “indispensável”!

Anônimo disse...

bom comeco

Wander disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Wander disse...

Impressionante, ou melhor, nada impressionante o argumento de Dora Incontri (impressionante para quem ainda esta apegado mais " a forma que o fundo", e nada impressionante para quem realmente vê o que acontece nos bastidores). Dora foi muito feliz, e sempre me pergunto uma coisa: ONDE ESTÃO OS FILHOS DOS ESPÍRITAS?, ja que nos centros vejo poucos jovens... Contudo, existem locais e pessoas sérias, envolvidas na doutrina e com uma cabeça aberta a novas forma de ver e interpretar a doutrina (ou de cumpri-la como relamente é!)...Ninguem tem o direito de estabelecer regras e padrões, pois, a doutrina não esta personificada em ninguem, portanto, ela é responsabilidade de todos nós. Vamos acordar para o amor a causa e não às casas.
Muita paz.
Wander - São Paulo-SP (zona Leste)

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