domingo, março 15, 2009

Hermínio C. Miranda

Meditações acerca da inteligência

Hermínio C. Miranda

Ninguém diria com maior autoridade que o próprio Kardec que o Espiritismo é doutrina essencialmente evolutiva, o que significa dizer que não nos foi trazida inteira acebada, cristalizada e dogmática. O Espiritismo é um corpo vivo de pensamento e, como tal, suscetível de desdobramentos cujos limites não temos condições de alcançar ou prever. É preciso observar bem, no entanto, onde e quando, como e porque devemos e podemos trabalhar as suas inúmeras sínteses a fim de que, movidos pela intenção de desenvolver certos aspectos doutrinários, não cometamos o desacerto de deformá-los irreparavelmente. E isto é fácil de ilustrar, quando nos lembramos de que toda a complexa teologia moderna cita cristã não é mais do que o “desdobramento” dos simples e luminoso conceitos evangélicos formulados pelo Cristo. Como foi possível partir de afirmativas como “... não busco minha vontade e sim a vontade daquele que me enviou”, para chegar-se, por exemplo, à formulação da divindade de Jesus? Por onde entrou, nessa teologia, o dogma do pecado original? Como nasceu a doutrina das penas eternas? Ou o conceito de uma só existência para o ser humano, com um julgamento final e irrecorrível?

Enfim, os exemplos poderiam ser multiplicados, se a finalidade aqui não fosse apenas a de ilustrar uma idéia, ou seja, a diretiva de que os comentaristas da Doutrina Espírita precisam manter um elevado padrão de lucidez e de humildade intelectual para não contaminarem o Espiritismo com os seus preconceitos e não o retransmitirem sob uma ótica que, em lugar de ampliar determinados aspectos, o deformem grotescamente, a ponto de torná-lo irreconhecível. A Doutrina não é um cadáver sobre o qual poderemos, à vontade, realizar nossas experimentações mutiladoras, nem um aparelho, ao qual possamos substituir peças e adaptar a outras finalidades. Repitamos: é um organismo vivo e dever ser tratado como tal, ou seja, com todos os cuidados necessários e com o máximo respeito que toda manifestação de vida deve merecer-nos.


Fiquemos aqui mesmo, para concluir.

Creio ter conseguido evidenciar, com estas reflexões, o que se costuma ter em mente ao se dizer que inúmeros conceitos formulados pelos Espíritos dentro da Codificação estão à espera de desdobramento e aplicação, sem, no entanto, mutilar a Doutrina. Esse desdobramento, no correr do tempo, há de deslocar, rearrumar e tornar obsoletos muitos dos mais caros conceitos da ciência moderna, não apenas na Psicologia, mas em todos os ramos do conhecimento, naquilo que concerne ao ser humano, como unidade social. É justo admitir, no entanto, que muitas das noções catalogadas pela ciência, serão aproveitadas e iluminadas sob um novo ângulo, com uma nova luz e acabarão por oferecer uma visão nítida do homem e do mundo que o cerca, objetivo multimilenar da especulação humana.

Que estamos esperando? Onde estão os pensadores espíritas? Os psicólogos, sociólogos, biólogos, médicos, enfim, os artífices espiritualizados e evangelizados da sociedade futura? Os temas aí estão, e a Ciência aguarda aqueles que irão conciliar conhecimento e moral, razão e fé, o homem e Deus.

CONTINUE COM ESTE MARAVILHOSO ESTUDO AQUI


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